domingo, 18 de setembro de 2011

Para a minha irmã Nina:



Já nos conhecemos há quase meio século… Isto de irmãs é muito engraçado, nem eu nem tu temos uma irmã, mas somos irmãs, mais do que muitas irmãs. Escolhemos? Não, foi um rapazinho, o teu irmão e meu marido que nos fez irmãs, e acertou. Encontrámos-nos e gostámos uma da outra. Somos bem diferentes: uma reguila e outra bem comportada, uma “deixa andar…” e outra “ deixa-me andar muito pregadinha…” . Basta ver o cabelo: o teu muito armado e o meu- que horror!, sempre a dar trabalho – a ti que não a mim, sempre a esforçares-te por o arranjar, e eu – a “ deixar-lo andar…”
E assim fomos andando… este quase meio século… E tão diferentes, mas as convicções foram as mesmas:
- um sentido de Deus , dos nossos outros, de fé, de afirmação, de antes quebrar que torcer…
- um sentido de Pátria, do nosso bocadinho, lindo e pequenino, que nos encanta quando nós
nos revemos de quanto ele foi e quanto nos honrou com os seus feitos…
- um sentido de família, que a ti te levou a servir todos que de ti precisaram e que em ti
encontraram repouso e paz e que a mim me levou com alegria a cuidar dos mais novos e agora
temos a ponte entre ti e mim - o passado que tanto nos diz e tão bons exemplos nos dá e o
futuro cheio de filhos e sobrinhos e netos… quer meus quer do Mário…

E as nossas alegrias:
- Aqui os temos estes todos que se quiseram associar a ti e dar-te todo o carinho neste teu dia
com a amizade (até dos aderentes), com mimos, com alegrias! É tão bom sermos mimadas,não
é Nina?
- E os da 3ª geração, os mais velhos que também se chegam a nós, os da geração do meio que
Já percebem e também ficam com uma memória de nós, e o benjamim que também sabe chorar e rir e dizer adeus!

Ó Nina, tens que concordar, que é tão bom fazer-mos anos, não é?
Graças a Deus por esta ocasião!...

Évora, 6 de Setembro de 2011  Mana Sãozinha

Lá num cantinho muito pequenino...

Lá num cantinho muito pequenino…
( Para a terapeuta da fala, DR.ª Gabriela Leal)

Era no Santa maria – o projecto megalónomo, a catedral do saber e catedral de Vida, lá onde os médicos se afadigavam a procurar os meandros do corpo, lá onde os doentes e os seus familiares se afadigavam a procurar a cura das doenças do corpo e das doenças do espírito…
Lá estava eu num cantinho, mal disfarçado, na sua mal disfarçada pequenez…, seria ali?... Lá dentro estava também uma senhora vestida de bate branca pequenina, e também um laboratório muito pequenino, uma mesa, um computador e muitos papéis, e umas cadeiras também para mim e pera ela, tudo muito pequenino…
Começámos a conversar, e como por magia, a senhora deixou de ser pequena, e para mim agigantou-se, e passou a ser para mim: eu quero – e os meus exercícios de palavras, e o meu entusiasmo – e os meus exercícios de sonhos.
ELa tinha vontade e ela puxava por mim! Era um verdadeiro treinador, puxava por mim, tinha incentivos, também ralhava se não me portasse a altura, se tinha enganos e puxava por mim, e dava-me os exercicíos apropriados e foi assim que tudo se passou:
Foi há 15 dias, numa 6ª feira, dia 22, 7 dias depois de me dar o vento forte que apagou todas as minhas palavras e os meus sonhos. Foi complicado. Um exercício de vontade para nos as duas duas… qual delas a mais forte.E agora? O que passa de dentro de mim:
“Confiem nela, façam como ela, entusiasmem-se, falem, não tenham medo, não tenham vergonha, mesmo que saiam “Palavras alinhavadas” , para a outra vez saem mais bonitas, até um bordado. Eu prometo ca estar para vos provar que a força de vontade que nunca vai vacilar.
Vêem que eu já sei falar por mim! Eu consigo dizer, foi graças a ela. Um para ela um gande bem haja …

Lisboa, Serra da Amoreira, 1 de Agosto de 2011

O Varredor de Sonhos e de palavras

Dia 30/7/2011



Era uma vez um varredor e de palavras que andava a vaguear por esse mundo além e eis senão quando um grande vento soprava, soprava, e fazia vsunveee… veesunveee… e… roubou as palavras, e os sonhos e tudo o que dele fazia sentido!
E o varredor de palavras e sonhos achou-se sozinho. Não tinha ninguém. Nem um só, dos que lhe davam força. Ele queria telefonar mas já não podia… já não podia dizer nada. Era um nó que tinha na garganta e já não podia… Já não podia…. Já não podia….
E eis que eles se agigantam, numa nuvem e vêm até mim… O Vasco e a Filipa ele muito inquieto e eficiente e ela franzina tremia, tremia e ajudava… ajudava…
Eu creio que foi um sinal… foi um vento que me levou ao lugar seguro, ao hospital Santa Maria.
E lá, abri os olhos e foi um varrer de sonhos e de palavras. Varri o meu sonho e tudo me tornava a mim… a Leonorzinha… a são José…. a Inês… já estava presente, já estava presente… já estava presente… já estava presente…
E depois o varredor de sonhos deu um varrer de sonhos um varrer de sonho numa luz!
E já estava tudo seguro, já estava tudo seguro quando dizia o vento muito baixinho e pacífico
Não tenhas medo isto vai-se pacificar, tu tens força e se se pacificar, Tu tens força isto vai-se pacificar … vai-se pacificar… pacificar…
E depois… e depois… batas brancas, e havia uma que dizia: Artilheiro. Aatilheiro…
E diga lá o seu nome… È muito comprido, eu sei é por isso mesmo… diga lá. E eu quando a via já sie que me vinha perguntar que me vinha perguntar coisas difíceis: Artilharia… Artilheiro … Assunção Côrte-real… E eu já dizia a brincar: Assunção Côrte-real…. Assunção corte- real….
E o varredor de sonhos já estava a varrer um sonho.
E um dia vou-lhes dizer como aconteceu: eu esteva a sentirme-me mimada, muito mimada, muito querida, e eu, pelas filhas, pela Inês, que a inês “cachorrinho” ao pé do dono, pelo irmão, pelos alunos, pela céu, pela Fernanda, que gora eu sabia que eram verdadeiros amigos, pelo meu irmão… agora uma sentia-me no céu… comecei a duvidar se na verdade não estava no céu na verdade isto não era o céu. Senti-me reconfortada, já não tinha medo de ir para o céu… já não tinha medo de ir para o céu, já não tinha medo… e eu estranhamente reconfortada pela Inês, eu sabia que ela era tudo para mim, e eu já podia ir embora que ela era meu prolongamento da vida na minha vida. E isso assim era agradável, eu era ela era e já não era eu, e isso assim acontecia e já não era eu, já estava tão cansada já não era eu, era a inês por mim e isso dava-me uma grande quietude, que paz… que paz…
E o varredor de sonhos e palavras estava a fazer a sua cura. E então já não era sozinho.
Já era com o varredor de sonhos de sonhos e palavras de mão dada com outro varredor de sonhos tinha partido os dois e com o Mia Couto e fazer as palavras… a fazer os sonhos… a fazer as palavras… a fazer os sonhos… ...e era um encantamento!... e agora era o Antonio já mais vivo que vinha a fazer de conta já era nós dois, o varredor e de sonhos, e o varredor de palavras de mãos dadas faziam uma brincadeira, era uma alegria que vento. Eu vento… eram os sonhos e as palavras que rodopiavam, rodopiavam e nós queríamos apanhar…

Carta ao Gonçalo

dia 26/7/2011


meu filho:
Estou bem bem bem já não posso não escrever mais...

A:V.C:

No dia 22 de julho d 2011 tive um A.V.C., experiência terrível, mas enriquecedora porque agora respeito muito mais o meu cérebro, essa maravilha que nos dá tanto sem sequer o suspeitarmos. Ele é o responsável pelo evoluir dos nossos pensamentos, dos nossos sonhos e das nossas palavras. Tenho colaborado com ele, tenho sido tenaz, tenho sido forte e não desisto, mesmo quando  estou mais desanimada.
E o resultado consolador para mim. Aqui vão todos os meus escritos, para que os possa comparar e para que eles sirvam de exemplo para alguém que se sinta menos forte.