quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Um Tempo de Sonho… e um Sonho no Tempo…

Devagarinho…
Muito de mansinho
O sonho nasceu…
E em mim cresceu.
 
Era hora de entardecer,
 O outono andava no ar,
O tempo a esmorecer…
As pingas caíam
E diziam
Que o Céu estava a chorar.
 
O tempo a esmorecer
E o Céu a chorar,
Nem isso me afastava
Daquele meu sonhar.
 
As árvores despiam-se
As folhas caíam
E vinham- me acariciar,
Eram as mãos pequeninas
De crianças traquinas,
E eu… a sonhar…
 
 Crianças que nunca acarinhei,
Porquê?… Deus meu… não sei…
Não lhes mudei os cueiros,
Nem amparei o andar,
Nunca os meus anseios
Se puderam concretizar…
 
As folhas daquelas árvores,
Castanhas, rosadas,
Um tanto amarrotadas,
Faziam-me sonhar…
As três douradas a rodopiar
 Eram os meus filhos a dançar...
 
Sentia-os naquele momento,
Quando o céu estava a chorar,
 Pequeninos, adolescentes,
Tão reais, tão contentes.
Aqui e agora, comigo,
Neste são compartilhar!
 
E eu…
 A sofrer…
Naquele entardecer…

Recordação dos meus três filhos, Gonçalo Nuno, Vasco Miguel e Sebastião Luís, nascidos no dia 22 de Dezembro de 1970 e sepultados no dia 25 de Dezembro de 1970

Era uma vez uma Vida


A vida é complicada… temos tanto que imaginar…

Imaginamos a vida de insetos pequeninos ou de aves grandes…

De lagartixas e de lavagantes…

De ratinhos ou elefantes…


Cada uma com as suas vidas…

Cada um com as suas lidas…


Muito esforço, muita canseira…

Cada qual luta à sua maneira:

Comer para viver… dormir para viver…

Defender-se do frio e dos maus…

 Para a Vida continuar a ser…


 E os da mesma família ou da mesma raça

 Unem-se para se defender…

E para sobreviver…


 As formigas pelas formigas…

Os lavagantes por os lavagantes…

 As raparigas pelas outras raparigas…

 E os elefantes por outros elefantes…



A Vida, minha filha, também são as pedras

E entre elas a água a marulhar…

No Zêzere, na Serra da Estrela,

Como eu as estou a admirar…

E a imaginar…


A V ida também é a vida

Das moças a despontar…

E das velhinhas como a Avóinha

Que se deliciam a pensar:


Nas netas e nas filhas

Que lhe custaram a criar.

Tanto esforço e canseira.

A labutar a vida inteira…

Para tanto me orgulhar…


Filhas, netas e Avóinha.

Tanto sentir… tanto fazer…

Tanto falar… tanto recordar… tanto conviver…

Para quando o Dia chegar… não esquecer…


Seres pensantes que somos…

Bem nos podemos alegrar!..

A Vida, minha netinha,

Com Esperança e Fé em Deus,

Será sempre um recomeçar...

Na contemplação infinda dos Céus!



                Vale do Zêzere, Serra da Estrela, 
                               21/08/2013
                                              Para a minha neta Margarida, pelos seus 21 anos

                                                                                              Avóinha Sãozinha