sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Rejuvenesci!

Há dias em que nos sentimos menos bem. Eu, com os meus 73 anos, às vezes sinto-me um bocadito velha. E, hoje, foi um desses dias.Dia de Fevereiro, frio e cinzento, em que só com muitos agasalhos nos sentimos confortáveis, em que não há sol para nos aquecer nem carinho de brisa para nos refrescar.
Entrei na farmácia. Enquanto esperava pela minha vez, nasceu o sol em cima da bancada! Eu rejuvenesci...
Foram-se as rugas e as cicatrizes,a velhice e a flacidez, o acne, as verrugas e as manchas na pele!
E como? Porquê? Como se deu esse "milagre"?
Fui lendo o que estava escrito num lindo papel acetinado, decorado a verde, com sombras e espirais:
"Elimina as rugas.
Hidrata em profundidade.
Regenera os tecidos e trata as feridas.
Retarda o envelhecimento da pele.
Suaviza cicatrizes e estrias.
Combate a flacidez.
Atenua e elimina manchas da pele.
Actua no acne.
Actua nas verrugas.
Acalma as queimaduras solares."
Que bom! Foram-se logo todos aqueles males. O remédio actuou em cheio, mesmo sem comprar um frasco. Era baba de caracol! Há tantos no meu quintal...
Senti-me lambida por toda aquela bicharada tão simpática e tão nojenta.
Uma boa gargalhada é um remédio salutar.
A imaginação, a graça, a sugestão, são tudo ingredientes com grande poder curativo...
Apeteceu-me acrescentar mais uma, aquela lista tão pormenorizada das virtudes da baba de caracol: Rejuvenesce, levanta a moral e dispõe bem!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Amigos... Amigos... e mais Amigos

Gosto de ter Amigos. Os Amigos enriquecem-me. Dão-me muito. Não falo em riquezas materiais, presentes ou dinheiro, mas em alegrias, tristezas às vezes também, apoio, fazem-me rir, dispõem-me bem, dão-me oportunidades de me sentir útil e também me dão saudades quando estão longe.
Para mim um Amigo assemelha-se a uma árvore especial que eu ajudo a crescer, que rego nos dias de estio, que estende os seus ramos para me acolher nas tempestades, que se transforma em bordão quando preciso de ajuda, que me entende e eu entendo mesmo sem palavras, nem barulhos, nem falsidades, nem jogos de influências, nem segundas intenções.
Sempre gostei de ter Amigos, desde a escola primária: havia os que iam lá para casa brincar comigo, a amiga com quem ia sempre para a escola e que era bem mais ajuizada que eu e me dizia: não meta os pés na água Sãozinha… e eu metia sempre… e espalhava a água… e ficava cheia de lama… e era divertido!
E as amigas do colégio! Fazíamos tantas brincadeiras, chorávamos e ríamos juntas. O colégio, o Ramalhão, os fins de semana, as festas, os teatros, os carnavais…
E depois no Liceu, as grandes conversas com as amigas, a Acção Católica, as reuniões, o sentido dos outros e as nossas preocupações com o caminho que começávamos a percorrer.
Na Universidade, os colegas amigos com quem estudava… trocávamos impressões, resolvíamos problemas, ajudávamo-nos. Não me lembro de haver competição, ficávamos contentes com os bons resultados uns dos outros.
E a Vida continuou… e mais amigos vieram.
A diversidade na Vida e a diversidade nos Amigos. Amigos portugueses, amigos estrangeiros, amigos brancos, amigos pretos, amigos amarelos, amigos ricos, amigos pobres, amigos cultos, amigos cheios de sabedoria mas sem o conhecimento dos livros, amigos adultos, amigos jovens, amigos crianças…
Passam na minha frente como um filme todos estes amigos, mesmo os que já se foram… E dentro da minha cabeça tenho guardados todos os ensinamentos e todos os testemunhos que me deram. Estão lá bem escondidos, bem no fundo, mas agora que o tempo é todo meu vêm mais vezes à superfície, quando é oportuno e quando não é, e até em sonhos.
Estou a lembrar-me de duas amigas que estão muito longe, no tempo e no espaço mas que para mim continuam presentes e actuais.
A Takawishi, japonesa, em Londres, que à hora de jantar corria a nossa casa com o tachinho quente a deixar-nos um pouco da especialidade da sua terra, que tinha acabado de cozinhar para os amigos que já lá estavam em casa com o marido, e ela… uff… uff… uff… lá voltava a correr… E pela manhã aparecia a perguntar-me o que precisava do supermercado e mais tarde voltava carregada com os sacos dela e os meus… porque eu estava grávida e não me devia cansar… E quase não falava inglês, mas a amizade supria a falta das palavras e o entendimento era perfeito.
A Dr. Fedukowicz, russa, em Nova Iorque, com uma experiência de vida fabulosa, professora da Universidade de Kiev, na Rússia, fugitiva no tempo de Stalin, refugiada num campo de concentração durante a guerra, e mais tarde novamente professora na New York University. Desempenhou para mim o papel de mãe nos Estados Unidos e de Avó para as minhas filhas pequenitas.
E agora, na última etapa da minha vida, que espero seja longa, com a ajuda de Deus, tenho ainda o privilégio de fazer novos amigos. Continuo a precisar de ajuda e continuo a gostar de ajudar, gosto de novos desafios e de novas vivências, de simplicidade e de humanismo e é isto que tenho continuado a encontrar…