quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Informática


Informática

 

Pois é, depois de termos passado a idade de aprender, queremos por força brincar, ou trabalhar (melhor dizendo) com os computadores. Nada melhor do que esforçar-nos, sermos persistentes, não desistirmos. Por isso andamos na Universidade Senior que nos dá VIDA e SAÚDE, e transforma-nos naqueles seres saudáveis com quem convivemos todos os dias.

 

                Assim acontece nas aulas de Introdução à Informática, da nossa querida Fernanda que tem muita paciência para nos aturar:

                                Oh Fernanda não encontro os itens …

                                Oh Fernanda não acerto com o rato …

                                Oh Fernanda desapareceu tudo. Para onde foi?...

                                E oh Fernanda… e oh Fernanda.. e oh Fernanda…

 

                E a  Fernanda, “expert” em Ginástica, salta de um para o outro lado, faz o pino, saltos mortais, flic-flac, espargatas, e lá nos vai valendo a todos:

                               J’a sei trabalhar com o rato!...

                               Já encontro tudo!...

                               Já sei mandar emails!..

Já sei ir ao Google!...

Já sei usar o word!... E o power point!..

Só não sei fazer aquelas coisas bonitas que a Fernanda faz com desenhos, sobreposições, movimentos e com música, …será para a próxima vez, se eu for menos “burra” e se ela não perder a paciência …

 

Se ela não perder a paciência… será uma santa…

E  nós todos, da aula de Introdução a Informática,  cantamos-lhe em coro

Santa Fernanda … Ora pro nobis…

 

Na 1ª Aula de Introdução a Informática de 2013 da Universidade Senior de Odivelas

Instituto Superior de Ciências Educativas - Ramada

                                                                                              Maria da Assunção Ferraz de Oliveira

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Pobre Capilé


Pobre “Capilé”

A “Capilé” era uma boneca muito muito linda, De certo a mais linda  para a  sua Mãe Isabel,  que lhe  dedicava muito carinho e todos os seus amores. Mais linda do que todas as bonecas do mundo, mesmo daquelas compradas em Nova Iorque, no armazém “Macys”, naquela secção dos brinquedos que faziam arregalar os olhos de toda a criançada, especialmente na época de Natal.

            A “Capilé” não tinha sido comprada lá, nem era uma boneca muito especial. Era muito simples com cabelos ruivos, cara tristinha e uma carteira a tiracolo. Não era a eleita da Isabel. Aquela que lhe fazia sentir muito arreigados os seus instintos de Mãe, essa, era a Berlicó: vestia-a, despia-a, dava-lhe beijinhos, andava com ela por todo o lado. A “Capilé” era uma boneca diferente, ela achava que  tinha de a defender, e não lhe negava carinhos e cuidados.

De vez em quando resolvia dar uma lição às minhas Filhas: fazê-las pensar nos outros, nos que não tinham nada; privarem-se do que tinham para que as outras crianças também pudessem ter as alegrias que elas experimentavam. Uma vez sugeri-lhes, sem as obrigar, que dessem qualquer coisa de que gostassem a meninos pequenos que teriam pena de não as ter, e sabe Deus, nem os carinhos duma mãe que se devotasse a eles. As minhas Filhas compreendiam e com sacrifício lá faziam o que eu lhes sugeria e perguntavam a medo – “ e se elas nos estragam as coisas?”

“São delas, as meninas deixam de ser donas. Com certeza, que elas, como as meninas fazem, cuidam das bonecas com o melhor dos cuidados”, dizia eu procurando descansá-las.

            Lá foram todas dando as suas bonecas. Quando chegou a vez da Leonor, esteve quase a ir uma boneca de que ela gostava muito, mas resolvemos dar uma outra que era igualmente bonita e que não tinha tanto significado. A boneca preferida, pretinha e muito engraçada, continuou a ser acarinhada e teve muitos eventos: batismos, casamentos, operações e até muitos enterros. E agora, depois de ter sido acarinhada pelas filhas da Leonor, lá está dentro dum baú, velhita mas sempre jovem, á espera doutros netos que talvez olhem para ela…

            Por último chegou a vez da Isabel, muito pressionada, porque não tivemos mais notícias da boneca da Leonor, resolveu dar a duas miúdas que viviam em frente de nós,  a “Capilé”, de que tanto gostava. Eu convencia, ela iria fazer feliz as duas pequenas, que a tratariam como uma filha.

Passaram-se 15 dias, a Capilé jazia na valeta em frente da nossa casa, sem um olho, sem roupa e com as pernas todas desengonçadas. E foi a Isabel quem a encontrou. Chorou, chorou muito sentidamente e eu arrependi-me com ela.

           Nunca mais me lembrei da "Capilé" até que um dia ouvi a Isabel dizer aos filhos a propósito duma camisola que eles perderam ou estragaram, não sei bem,  -“não deem nada que isso é para estragar”… Fez-me recordar a “Capilé” e pensar de mim para comigo:
          Que mal eu andei ao proporcionar às minhas filhas esta “caridadezinha”.
          Não é dando “peixes aos que não sabem pescar”, que eles os apreciam, pois não fizeram esforço para os alcançar.
         Também não é esta a atitude que devemos ter com as crianças: “Sejam boazinhas e com algum sacrifício terão o reino dos céus”.
         Com o seu sonho destruído, de ânimo leve, pensarão muitas vezes. … “e porquê?”

“E eu? A Mãe... que ensinei?...”

 Lembrei-me da parábola do fariseu: Eu era o doutor da Igreja, que pensava neste contexto: Tenho tanto, até sou orgulhosamente rica… Tenho de ensinar as minhas Filhas, a darem aos outros porque ficarão mais ricas…, ou porque alcançarão mais depressa o reino de Deus. 

No furacão do tempo não tive tempo para pensar, mas agora eu digo aos meus netos:

É preciso não darem com o espírito de que sou maior, sou o melhor de todos. Dêm com o espírito do fariseu, aquele que deu uma lição ao doutor da Igreja, empenhem-se, deem tudo, não só a boneca melhor ou pior, brinquem com os outros meninos que também gostam de brincar e até podem ter ideias mais engraçadas do que as nossas, façam um elo de fraternidade com todas as crianças e assim temos no mundo mais Amor e mais Paz.