sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Menino que não tinha pernas

Cody nasceu com as pernas atrofiadas. Disseram aos Pais que ele não ia sobreviver, mas sobreviveu. Aos 15 meses foi preciso amputarem-lhe as pernas. Teve as primeiras próteses aos 18 meses e na primeira sessão de fisioterapia começou a andar. Daí em diante foi um turbilhão de vida: salta, corre, nada, diz que há-de ser campeão olímpico. Tem 3 próteses diferentes,: “estas são as minhas pernas de correr e como tenho várias pernas consigo fazer tudo”. Gosta que todos saibam que é um menino “especial” e no seu vocabulário não entra a frase “não consigo”. Também nasceu só com uma corda vocal, diziam que nunca havia de falar, mas fala correctamente. Tem agora seis anos e irradia felicidade.
Felicidade… O que é ser feliz? Quando conseguimos ultrapassar as nossas limitações, as físicas ou outras, algumas que temos bem escondidas dentro de nós e que mais ninguém conhece, então temos o sentimento da felicidade. É difícil, é custoso, às vezes dói, é preciso esforço e persistência, mas é tão bom. Sentimo-nos como o Cody se sente com as suas pernas de correr, ou como a Helen Keller se sentia ao fazer conferências pelo mundo fora.
E ser infeliz, como será? É ver cair o mundo, à nossa volta e dentro de nós. É desistir… Seria, no caso do Cody, ficar imobilizado, deitado no berço, até morrer. E no caso da Helen Keller, viver na escuridão, no silêncio, atrás de um muro, isolada do mundo.
As nossas limitações, no geral, não são tão visíveis com as do Cody ou da Helen Keller. Às vezes é difícil darmo-nos conta delas, dessas intimas que ninguém vê. Há uma voz que nos diz” vence a limitação” e outra que teima “não é limitação nenhuma, eu quero é ser assim”. E se a reconhecemos também acontece às vezes não termos força para a vencer e desistimos… e ficamos infelizes.
Cada um de nós tem de descobrir os seus pontos fracos e não ceder à tentação de querer descobrir os dos outros. Eu é que me venço, ninguém vence por mim nem eu venço pelos outros. Mas o exemplo é salutar, eu estou a fazer esta reflexão porque a história do Cody me fez pensar.
Fez-me pensar nas limitações que eu gostava de vencer. Apesar de já estar na fase decrescente da minha vida, até morrer, é sempre tempo de melhorar e de sentir a felicidade de vencer dentro de nós. Já venci algumas vezes e senti-me feliz, também já perdi mas não desisti. Não vou dizer quais são os meus pontos fracos, mas acredito que os meus filhos que me conhecem bem são capazes de adivinhar alguns.
Esforcem-se, também, todos, primeiro por descobrir as verdadeiras limitações e depois por ultrapassá-las. Até os mais pequenitos podem desde já esforçar-se, o Cody começou aos dezoito meses.
Beijos para todos da Mãe e Avóinha

A Minha Conversa com o Sobreiro

A Minha Conversa com o Sobreiro


Um dia, quando eu morrer...
Gostava de sobreiro ser…

Quem foste tu sobreiro?
Onde pensas inda chegar?
Recordas o teu passado?
Ou não o queres lembrar?

Se eu estiver em silêncio,
Perto de ti a escutar…
Ouço tudo o que me dizes,
Parece que estás a falar…

“Não sei o que fui,
Mas sou feliz…
Só sei que não acabei,
Me transformei…
Agora a vida é tranquila,
Sempre aqui no meu lugar,
A pensar e a sonhar…”

“Oiço o cantar dos passarinhos,
Vejo as giestas a dançar,
Sinto o cheiro dos rosmaninhos,
A aldeia lá longe a brilhar…
E à noite, devagarinho…
Acariciam-me as estrelas e o luar!...”

Será isso o paraíso?
Diz-me sobreiro, quero saber…
A tua vida eu gostava
De um dia vir a ter…


Estou cansada de labutar,
Desta vida sempre a correr.
Não tenho pressa de mudar,
Gosto mesmo de viver.
Mas quando a hora chegar…
Sobreiro eu queria ser…

E o meu amigo sobreiro
Diz-me agora a sorrir:
“Em verdade, companheiro,
Não vale a pena fugir…
O paraíso nós o fazemos,
Sem temor, com paz, tranquilidade,
É aquilo que queremos:
Depois da Vida… a Eternidade…